A Dra Filipa Gomes, Médica Dentista na Clínica Santa Madalena, foi ao programa Bom dia Portugal, na RTP1, falar sobre o Síndrome da Boca Ardente. Deixa-nos aqui mais algumas informações sobre esta condição de difícil diagnóstico.
O Síndrome da Boca ardente, ou burning mouth syndrome, é descrito, como o próprio nome indica, como uma “sensação de boca ardente”. O paciente relata, geralmente, alterações ou diminuição no paladar (disgeusia) e diminuição do fluxo salivar (xerostomia). Cerca de dois terços dos pacientes referem ainda a disgeusia associada à sensação de “sabor metálico”.
As queixas de “boca ardente” são, tipicamente, na língua (ponta da língua sobretudo), lábios e palato. Podendo afectar as restantes áreas da mucosa oral. A sensação de dor ou queimadura é usualmente menos intensa de manhã, piorando ao final do dia sendo que os sintomas também se intensificam com o contacto com comida e líquidos quentes.
O síndrome de boca ardente é uma condição de natureza neuropática, de difícil diagnóstico, uma vez, que não apresenta sinais/evidências clínicas claras, radiológicas e/ou laboratoriais.
- BMS primário/idiopático – Ausência de achados clínicos ou laboratoriais.
- BMS secundário – Associado a factores locais e/ou sistémicos.
Como exemplos de factores locais temos causas como a Xerostomia, Neuralgia, Angiodema, Candidíase Oral ou Estomatite de contacto. Já do lado dos factores sistémicos podemos indicar deficit de Vitamina B, Gastrite crónica, Hipotiroidismo, Depressão e Stress, ou ainda Parkinson ou SIDA.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por exclusão de factores ou patologias que possam causar sintomas similares, como sendo:
- Trauma;
- Infecções;
- Xerostomia;
- Doenças mucocutâneas (Líquen Plano, Pênfigo, Penfigóide);
- Deficits vitamínicos (ferro, vitamina B12, ácido fólico);
- Fármacos;
- Diabetes;
- Desordens psicogenénicas.
Nota-se um aumento da prevalência de casos em adultos acima dos 55 anos, sendo raramente encontrado antes dos 30 anos. É mais comum em mulheres (3 a 7 vezes superior quando comparado com os homens) e é uma das desordens que causa dor de origem não-dentária, mais comumente encontradas na prática clínica do médico dentista.
O desconforto ou dor crónica leva a disfunções psicológicas e aumento dos níveis de stress/ansiedade.
Pacientes com BMS primário mostram melhoria dos sintomas com terapia farmacológica (ansiolíticos, antidepressivos...) sendo que no caso dos pacientes com BMS secundário, os sintomas desaparecem com a retirada dos estímulos/factores desencadeantes.
Dra Filipa Gomes